Já era noite cerrada quando cheguei à nova paragem e, novamente, não havia nada para comer que fosse vegetariano! Foi um fim-de-semana a pão e iogurte… Os espanhóis ainda estão um pouco atrasados nesta questão. Em Lisboa já é aceitável ser vegetariano, e soube pelos outros participantes com o mesmo tipo de alimentação (de Viseu e Portalegre) que já começa a deixar de ser anormal ser vegetariano.
É bom sinal saber que em Portugal começa a haver uma certa abertura (importantíssima nesta altura do nossa evolução) para novas formas de Estar e de Ser.
Arranquei com um grupo que foi flexível mas todos sempre estivemos próximos até ao final. A mente aqui foi crucial. O corpo já não obedecia. Ora ia em piloto automático, como se recusava a mexer. Os quilómetros esticavam, o cansaço imperava, todos os montes iluminados pareciam Ronda. Houve alturas em que eu acho que íamos a pensar: vamos todos chegar ao fim, mas onde é que é esse final?
Eu já estava quase a desesperar quando ia a meio de uma subida super íngreme, com um empedrado que me fazia sentir ainda mais todas as zonas doridas, com um cansaço himalaico e a mente só dizia: “Ainda falta aquela última subida até Ronda.” O “complicómetro” disparou e tive de transcender a mente para não parar e descansar. E as espirais de pensamentos não paravam! E preocupei-me, chateei-me, tive um turbilhão de ideias, morri, nasci até que no final da subida a Célia disse com felicidade na voz: “Já está! Agora são só umas ruazitas e é logo ali a meta!”
E então percebi o que se tinha passado: mais uma vez estava preocupado com uma situação que apenas era real na minha mente. Não existia no presente e acabou por não existir de todo. Mesmo sabendo que o futuro é só o resultado do presente e que, de certa forma, não existe; mais uma vez deixei-me ir e perdi-me. Deixei a imaginação tomar conta do Presente e criar situações imaginárias, desequilibrando-me interiormente, fazendo-me sofrer sem motivo.
E ela tinha razão: foram só mais umas ruas e já lá estávamos. Os quatro cruzámos a meta de mãos dadas exaltando a fraternidade da Legíon.
Bato palmas a TODOS os que desafiaram “Ronda” (mesmo os que falharam desta vez). É uma prova muito dura mas torna-se muito bonita e conta com uma organização irrepreensível.
Na viagem de volta partilhámos aventuras, perspectivas mas acima de tudo, estávamos juntos depois de mais uma Grande (e muuuuuuito longa) incursão lusa em terras espanholas.
Valeu por tudo, aprendi muito e, sinceramente, se fosse fácil, quem é que iria?
Corres com o coração.
ResponderEliminarEncontras os outros na corrida.
Nem precisaste parar para pensar.
Obrigado por me teres levado contigo.
Quando alguém te abraçar com força, sou eu!(se Deus me der essa oportunidade).
Bravo José Martins! Parabéns pelo excelente relato, e mais ainda pela superação da tarefa!
ResponderEliminarUm grande Abraço e muito boa recuperação!
Orlando Duarte