Um dos desafios pelo qual tenho particular gosto é o ultra-maratonismo.
Percorrer distâncias longas, superiores à da maratona (42,195Km) é sempre algo transcendente. O nosso corpo está preparado fisiologicamente, mas a mente não.
Habituámo-nos a quantificar tudo. Até as nossas capacidades. Acreditamos piamente que só conseguimos um tanto de desempenho em determinada tarefa. E quando fazemos uma tarefa que vai muito para além do exigido habitualmente? Como é que tudo passa a acontecer? Como é que nos vemos e como vemos tudo?
Estas são algumas das premissas a que me proponho quando faço uma prova de ultra-maratona. E quando é uma com um cenário místico, então aí, questões muito profundas afloram durante todas aquelas horas a percorrer aquele não mais acabar de kilómetros.
Este fim-de-semana comprido, participei na prova “Caminho de Santiago Trail Aventura 2009” organizada pela Confraria Trotamontes. A prova ligou Vila Praia de Âncora a Santiago de Compostela, na distância de 160km divididos em 5 etapas.
Também participei na edição de 2008, que partia de Ponte de Lima percorrendo 155km até Santiago.
Mais concentrado nas minhas actividades de Meditação e Yoga, e com as peripécias de mudar de casa fiquei sem entusiasmo para treinar, mesmo tendo descoberto um trilho fantástico em plena Lisboa! Parte da zona da Alameda (do Técnico) e vai até ao Parque da Bela Vista. Mais uma faceta desta cidade sempre surpreendente.
Depois de várias peripécias na tentativa de arranjar boleia para a prova, eis que surge uma notícia muito agradável: tenho lugar no carro do Eduardo e da Margarida.
São um exemplo do que é servir a comunidade. Sempre dinâmicos, firmes, simpáticos. Gostei muito de ter feito as longas (longas mesmo) com eles. “Encurtou” a distância e proporcionou Bem-Estar.
Agora, por morar e ter as minhas actividades em Lisboa, o meu transporte de eleição é a bicicleta. É económico, saudável, não polui, é fácil de estacionar, e acaba por ser rápido. Demoro em média, 20 minutos em qualquer trajecto no centro de Lisboa. Claro que cada viagem é uma aventura. Lisboa ainda não acolhe as bicicletas como deveria. Sem dúvida que Lisboa é um constante carrossel, ora sobe, ora desce; mas faz-se um bom exercício cardiovascular.
Mas só esta actividade física (além do Yoga) não prepara adequadamente para uma prova como os Caminhos de Santiago. Em geral, mesmo os participantes que treinam regularmente (e outros que têm valor em distâncias curtas) têm de se empenhar totalmente para concluir a prova. E eu que fui para Santiago sem treinos…
Estava bastante apreensivo com a minha prestação. O resultado confirmou a minha ideia mas ao mesmo tempo, superou-a.
Tive dificuldades como nunca, mas também fui determinado como nunca. Só posso dizer que me transcendi integralmente. Tanto psicologicamente (em que consegui superar todos os desafios) como fisicamente (a roçar o masoquismo).
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