19/05/11

Cerejas no Fundão - Serra da Gardunha

Ainda o Sol acordava na Serra da Gardunha e já a equipa saltava da carrinha, pegando cada um em dois cestos amarelos.

Percorríamos agrupados cada cerejeira, colhendo todos os frutos bonitos.
Com um dos cestos pendurado no braço, procurava uma nova abertura na copa daquela cerejeira para continuar a colher os seus frutos, tão generosamente postos à disposição por ela.
Tendo sempre presente na minha mente a dádiva que ali acontecia e que eu era o fiel depositário dos prolongamentos das nossas Irmãs, as arvores; conscientemente mantinha o meu Coração na vibração do Amor.
Sempre que me sentia a desalinhar, trazia me de novo a uma sintonia com os seres à minha volta, e mais directamente com as pequenas árvores com copas largas e ramos verde intenso com pintas rubras.
Ainda na insegurança habitual das novas experiencias e cautelosamente segurando o cabaz já meio com bagas vermelho vivo, aparece me na retina um ramo com imensos pontos vermelhos.
Dirijo me, tal criança deslumbrada por um brinquedo de cores vivas, para as trazer para o meu cesto já pouco amarelo e muito encarnado.

Começo a separar os frutos do ramo e há um cacho que tento retirar todo ao mesmo tempo. Não o conseguindo separar da sua progenitora, armo me em homem (com h minúsculo) e uso a minha força muscular para os ter na minha posse, não fluindo mas impondo a minha vontade de pretenso ser mais poderoso.
A arvore solta os frutos, mas há uma parte da casca que vem com o pé do cacho. Ao olhar o interior branco da casca escura e a sua seiva, percebi o que aconteceu e o que provoquei; e o padrão de toda a humanidade que recriei como actor principal.
Aquela visão alinhou imediatamente a minha Consciência e senti uma voz interior, que me falava na zona da nuca. Uma voz algo feminina, sem idade nem expressão emocional me disse: “Eu ia dar te os meus frutos docemente. Deformaste o ramo e comprometeste o aparecimento de novos frutos.”
Sentindo o constante estar da humanidade, falei sem som e em nome de todos o que brotava do meu Coração: “Querida Irma, perdoa o ímpeto prepotente e a lacuna na fraternidade. Quero só recolher o que dás mas, por momentos, mergulhei na ignorância total e quebrei a aura de Amor entre Nos. Já não posso voltar atrás mas emocionalmente recrio no meu interior a situação, para que ela fique inscrita universalmente sem mácula. Agora, tenho os teus frutos no meu cesto mas sinto que nem honrei o Criador, a Criação nem os Co-Criadores. Que esta experiencia sirva para que o meu percurso neste plano seja trilhado de uma forma mais suave e mais em consonância com Todos.”

“Doce Irmão, já estás mais leve e mais fluido. Ambos dançámos esta experiencia que enriqueceu o Universo. Grata por me teres escolhido.
Fico feliz de me estares a sentir. Muitos levam os meus frutos e nem percebem o milagre do qual também são parte integrante.
Vêem de Coração pesado, de cabeça cheia; sem espaço para a minha/nossa melodia; sem flexibilidade para rodopiarem vibracionalmente comigo.
Tiram de qualquer forma e eu, incondicionalmente DOU e sempre darei. Mas podia ser um processo mais enriquecedor e mais luminoso, impregnando os frutos com mais Amor e Luz. Dando a quem os consome, um alimento mais preenchedor que inudasse as células com Vida, Amor e Entusiasmo.
Sabes que entusiasmo, vem do termo “En Theos”? A Sintonia com o Divino, com o EU SOU; liberta sempre muita Luz em todas as direcções de todos os planos. Mantém-te vigilante para que os frutos que colhes, nutram mais os corpos de todos.
Mantem te Alinhado, e Sê um Pilar, um Oasis para os teus Irmaos menos conscientes. A Mãe Gaya abençoa-te e dá-te Força”
Com um olhar húmido e com um Coração transbordante, despedi me da árvore-Mestre e do nosso bailado energético, explodindo em Gratidão pela experiencia vivida.

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