Depois muitos ensaios, a peça “O Ginjal” começa a despontar.
Têm sido muitas horas de ensaio no Hiato com a companhia EclipseArte para montar a peça. Tem sido um convívio muito saudável e a descoberta de algo mais dentro de mim.
Não posso dizer que sou actor mas a representação tem-me trazido novas perspectivas.
Ajudou-me a sentir ainda mais quando é o Ego e quando é o Ser a agir. Passei a perceber a diferença de sentir entre quando SOU, e quando sou. A distanciar-me e a ajudar a desconstruir as máscaras. A clarificar o quão somos actores durante quase toda a nossa vida e até nos momentos mais íntimos.
Estamos afastados do nosso centro. Daí deriva todo a nossa turbulência interior. Temos de ir ao encontro de nós mesmos. Quanto mais nos aproximamos de Nós mesmos, vamos sentindo mais e mais que a Felicidade e o Amor Puro despontam. Como sentimentos naturais que são.
Não admira que a maior parte de nós se sinta insatisfeito, estranhos a nós mesmos, sentindo uma certa desorientação no correr da vida.
Agarramo-nos ao trabalho, à família e aos bens na tentativa de eles funcionarem como pilares. Mas percebemos que o que existe no exterior não perdura. Apenas aquilo que somos realmente é que nos acompanha em cada momento, para toda a vida.
Os bens, pessoas, empregos, hobbies; vêm e vão a um ritmo que não sabemos controlar. A nossa sabedoria estará sempre connosco.
Os anéis mudam, os dedos serão sempre os mesmos. Assim também é o Universo.
“Nada se perde, tudo se transforma” já dizia o sábio. Analisando sob várias perspectivas, tinha razão.
Como podemos perder algo que não nos pertence? Como podemos perder alguém (alguém é nosso/nós somos de alguém)? Como podemos deixar de existir?
Fizeram-nos acreditar que se comprarmos algo então esse objecto é nosso. Se assinarmos um papel, esse bem é nosso. Se alguém está connosco, então é nosso. Se o corpo deixa de ser sustentável para a vida, então deixamos de existir. Esqueceram-se de assegurar o período.
Tudo existe por um período: o Sol, as estações, a dor, a alegria, a juventude, os dinossáurios, as convenções sociais, mitos urbanos, amor humano.
Tudo sempre existiu e sempre existirá. A manifestação neste plano é que sofre mudanças.
O Sol era ligeiramente diferente no inicio e irá sempre mudar. O nosso querido planeta Terra está em perpétua mudança, ora proporcionando abrigo a umas espécies, ora a outras. A nossa Consciência muda ao longo da vida.
Mais uma experiência muito enriquecedora!
Também fica o convite para as próximas apresentações do Work In Progress do Ginjal.
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